09 outubro 2018

Meu cabelo não forma cachos e gosto assim.




Quando cortamos os cabelos com química, estamos sempre entre o medo e a euforia. Afinal, é uma nova fase! Pra algumas pessoas, a tão sonhada mudança nunca chega, isso porque a aparência que desejam não pertence à elas, mas foi subliminarmente implantada.

Na prática, “transição capilar” é o processo no qual seu cabelo dá adeus à todo tipo de química ou técnica mecânica de alisamento (Como a chapinha ou o babyliss.) e cresce com fios novos, totalmente livres dos resquícios de relaxamentos, permanentes, progressivas e outras técnicas.

Infelizmente, essas noções de estética têm aparecido sob a capa das boas intenções tanto por marcas que têm adotado uma publicidade mais negra como estratégia de captação de clientes quanto por várias personalidades por toda a internet, artistas e pelo senso comum.

A mensagem dessas fontes é clara: “Tudo o que cacheia, é mais bonito.” Uma questão estética? Se deixarmos de considerar que quase todas as coisas que nos formam são ensináveis e derivam de influências, sim.




Seja nas propagandas pelas ruas, nos outdoors ou nas embalagens dos nossos produtinhos, vemos uma miríade de pessoas negras. Cachos abertos, fechados, desembaraçados, super definidos. E nos perguntamos, cadê o crespo? Onde estão os cabelos tipo 4 na publicidade das marcas? Onde estão as mulheres com crespos sem texturas impostas ou dreadlocks?

Por causa disso, a auto crítica é mais que necessária, principalmente em tempos onde uma nova geração de pretinhos e pretinhas vêm se formando e consumindo diretamente essa nova publicidade.

Mais do que nunca, é preciso parar de submeter nossos cabelos crespos à técnicas de definição se as razões que temos incluem uma invisibilidade disfarçada. Não devemos criar novos padrões após abandonar os velhos!