Quando cortamos os cabelos com química, estamos sempre entre o
medo e a euforia. Afinal, é uma nova fase! Pra algumas pessoas, a tão sonhada
mudança nunca chega, isso porque a aparência que desejam não pertence à elas,
mas foi subliminarmente implantada.
Na prática, “transição capilar” é o processo no qual seu cabelo dá
adeus à todo tipo de química ou técnica mecânica de alisamento (Como a chapinha
ou o babyliss.) e cresce com fios novos, totalmente livres dos resquícios de
relaxamentos, permanentes, progressivas e outras técnicas.
Infelizmente, essas noções de estética têm aparecido sob a capa
das boas intenções tanto por marcas que têm adotado uma publicidade mais negra
como estratégia de captação de clientes quanto por várias personalidades por
toda a internet, artistas e pelo senso comum.
A mensagem dessas fontes é clara: “Tudo o que cacheia, é mais
bonito.” Uma questão estética? Se deixarmos de considerar que quase todas as
coisas que nos formam são ensináveis e derivam de influências, sim.
Seja nas propagandas pelas ruas, nos outdoors ou nas embalagens
dos nossos produtinhos, vemos uma miríade de pessoas negras. Cachos abertos,
fechados, desembaraçados, super definidos. E nos perguntamos, cadê o crespo?
Onde estão os cabelos tipo 4 na publicidade das marcas? Onde estão as mulheres
com crespos sem texturas impostas ou dreadlocks?
Por causa disso, a auto crítica é mais que necessária,
principalmente em tempos onde uma nova geração de pretinhos e pretinhas vêm se
formando e consumindo diretamente essa nova publicidade.
Mais do que nunca, é preciso parar de submeter nossos cabelos
crespos à técnicas de definição se as razões que temos incluem uma
invisibilidade disfarçada. Não devemos criar novos padrões após
abandonar os velhos!