
Mas será que manter esse tipo de cabelo dá muito trabalho? Segundo Fernando Paolo, especialista em cabelos cacheados do salão Fernando Fernandes, não. O black power não exige muitos cuidados ou produtos e dá muito menos trabalho do que outros cortes. Além disso, recupera o cabelo afro, muitas vezes danificado por químicas e processos danosos. O segredo do black power é um corte apropriado, pois sem ele a pessoa não consegue aquele efeito imponente. É preciso repicar todo o cabelo. Com um repicado a 90°, se consegue o efeito arredondado, tão cobiçado por quem quer ter esse estilo, diz.

Patrícia Paixão, hairstylist do salão AfroArt, ensina: Use xampu sem sal, condicionador para cabelos extremamente ressecados e um creme de pentear para cabelos cacheados. Não é todo creme que se dá com o cabelo black e não pode encharcar o cabelo de creme: uma boa medida é uma colher de café.
Lavar e secar
Quem tem um bom corte de cabelo, sabe que a lavagem e a secagem dos fios interferem diretamente no resultado. O cabelo black é extremamente delicado e exige alguns cuidados especiais. Demora muito para secar e fica úmido muito tempo, o que pode até provocar mau cheiro. Por este motivo, não deve ser lavado todo dia, mas de 2 em 2 dias, alerta Patrícia.

Para secar, Patrícia ensina um truque super prático: Seque com papel toalha, pois a toalha normal não absorve toda a água e sempre acaba escorrendo água nos cabelos da região do pescoço. Para os mais frisados, seque amassando para conseguir mais volume e o efeito black power.
Com a palavra, quem usa
A psicóloga Roberta Melo, 31 anos, diz: Uso cabelo black power porque acredito que tenha a ver com minhas origens e personalidade. Desde criança tive muitos problemas para arrumar meus cabelos, pois não existiam salões de beleza especializados em meu tipo de cabelo. Como era complicado cuidar do cabelo, que era muito crespo, acabava fazendo alisamentos e ficando insatisfeita.

Normalmente as pessoas gostam muito, acham bonito. Aqui na Alemanha então, é muito engraçado, pois as pessoas querem sempre colocar a mão pra sentir a textura e ficam perguntando o que eu faço pra mantê-los: enfim, faz o maior sucesso! Gosto muito dos meus cabelos e, sinceramente, me sinto muito mais bonita com ele assim; não consigo mais me imaginar com cabelo liso como já usei antes.

Para Mônica Ribeiro, 27 anos, jornalista, o cabelo black power é muito mais do que estética: Desde pequena, a menina negra ouve piadas a respeito de seu cabelo. Que é cabelo duro, cabelo ruim e isso marca muito. Quando a gente cresce, acaba querendo se adequar. Antigamente, eu alisava o cabelo, que ia até a cintura. Com o tempo, enjoei, comecei a achar muito artificial e decidi voltar ao natural. Não foi fácil, foi todo um processo, um resgate de autoestima, a superação desses traumas de infância. Foi tudo muito complicado, pensei muito, tive medo de não ficar bom, me inspirei em referências que eu tinha. Tudo muito profundo, pois essa ditadura do cabelo liso é um racismo muito sutil, uma anulação da identidade do negro. Hoje me sinto mais bonita com esse cabelo, melhor do que era antes. Acho que o cabelo black power realçou minha beleza. As pessoas dizem que estou mais jovem, mais descolada. Quando uma pessoa se assume e reconquista o seu poder, naturalmente fica mais bonita, acredita.
E para manter, é difícil? Não, muito pelo contrário. Quando se usa algo que modifica a estrutura do seu cabelo toda hora, isso detona o cabelo e pode até provocar feridas no couro cabeludo. E é um cabelo que combina com todo o tipo de roupa, dá um toque de estilo para qualquer visual, conclui.
OBS.: as fotos foram retiradas do nosso perfil no orkut.
FONTE:http://delas.ig.com.br/