04 fevereiro 2019

Raspar a cabeça, pode mesmo mudar tudo



Sob o sol forte do Rio de Janeiro, um fenômeno vêm se espalhando em cabeças por toda a cidade: Os cabelos raspados.

Cabelos raspados nas laterais, na cabeça inteira ou cortes com desenhos voltam a ganhar espaço nas ruas como se os tempos de Um Maluco no Pedaço estivessem voltando aos olhos das indústrias da moda e da estética.

Mas os anos 80 nos trouxeram além das roupas híper coloridas e cortes afro que parecem obras de arte. Foi durante os anos 80 até o final dos 90, que as mulheres afro-americanas começaram a assumir novamente os seus cabelos raspados.

O termo “voltar” e o termo “assumir” são propositais, pois essa forma de usar os cabelos, ou melhor, de não usá-los, já existia desde a África, onde ainda hoje há diversas etnias onde a noção de beleza não depende do comprimento dos cabelos.

Esse estilo, que já tem décadas de idade nos EUA, e milhares de anos em povos africanos, desembarcou no Brasil muito recentemente.

Não é preciso refletir muito pra afirmar que as Dora Milaje de Pantera Negra tiveram uma atuação fundamental nisso.

Logo, aquilo que antes poderia ser uma experiência traumática no corte dos fios com química ou uma opção estética impensável, voltou a parecer belo.

Aos poucos, o número de pessoas que desistem de usar as extensões durante a transição e escolhem exibir seus cabelos curtos, aumenta.

Aumentou também o número de pessoas que de tanto amar essa praticidade e beleza, acabam escolhendo manter a cabeça raspada.


Raspar a cabeça sempre foi um ato simbólico importante para os povos que nos originaram. Para muitos desses povos, esse ato expressa um renascimento, pois voltamos a ser como os recém nascidos.

Essa “volta”, abre novas oportunidades para enxergar a si mesmo e se permitir questionar velhos vícios como o da aparência.

Violet nos mostrou muito sobre isso em Felicidade por um Fio. Raspar a cabeça pode mesmo mudar tudo!