Olá! Tenho 27 anos, moro em Salvador/BA e minha história é como muitas outras histórias contadas aqui. Alisei o cabelo aos 7 anos com o CREME ALISANTE ISSY, só pra dar uma ''amaciada'', pois meus fios eram muito crespos e cheios. Usei este produto até os 13 anos e foi nessa época quei conheci o permanente AFRO, aquele da tampa preta... Só que fedia muito, então fui em busca de algo sem cheiro, e foi onde tudo começou, quando conheci a ''famosa'' GUANIDINA, que veio para destruir meu cabelo. Usei a Guanidina dos 15 aos 26 anos.
Quando fiz 25 fui mãe pela segunda vez de uma menininha linda, LAURA. Minha primeira filha se chama LAVÍNIA. Laura nasceu com o cabelo liso, porém quando completou três meses, o cabelo dela caiu e deu passagem para o verdadeiro cabelo dela nascer: CRESPO.
O cabelo nasceu forte e saudável, mas os comentários também cresciam em torno de minha bonequinha, muitos faziam piadinhas e apelidos maldosos tipo: "SARARÁ DO CABELO DURO", "ESSA QUANDO CRESCER VAI TER QUE PESAR A MÃO NO FORMOL", "USA UM CHAPÉUZINHO, MÃE, PRA ESCONDER O FUZÃO" ou muitas vezes tentavam elogiar tipo: "Tá na moda, né, usar o cabelo assim duro?"
Isso me feria profundamente. Decidi passar por cima do preconceito e encarar a situação junto com ela, ser exemplo pra que ela também venha aceitar seu próprio cabelo. Minha transição durou apenas 5 meses, mas foram longos 5 meses. Porque eu não aceitava meu cabelo alisado que vivia sempre de rabo de cavalo ou coque, o que era uma prisão pra mim. Comecei a pesquisar vários blogs, vídeos, sites e criei uma página na youtube contando um pouquinho da minha experiência com a transição.
Com o passar dos meses a raiz já estava bem grandinha e a ficha foi caindo. Pude perceber que eu não era branca como achava que era. NEGRA que, apesar da pele parda, minha etnia e meu sangue eram de negros. Oh Deus, foi a maior descoberta de minha vida porque, a partir daí, passei a saber quem eu era. E minha vida passou como um filme em minha cabeça. Então era por isso que eu tinha toda aquela aquela adoração por cultura afro, por isso que quando saia com as amigas e me batia na rua com uma negra de black nervoso, eu a admirava tanto eu queria ser como ela, mas não me aceitava.
Nesse caminho da transição sofri muito preconceito, PRINCIPALMENTE DA FAMÍLIA. Em um domingo de sol na casa de minha mãe, todos reunidos em volta da mesa pra um almoço, lá estavam meu pai, mainha, meus irmãos, cunhado e cunhada, tios, meu marido e minhas filhas. Conversa vai e vem, veio o assunto do meu cabelo. Sabia que não iria terminar bem. Minha mãe olhou pra mim e balançou a cabeça me dando um sinal pra me controlar, porque sou muito estressada. E começaram as torturas... A primeira partiu de minha irmã: Maninha porque voltar a ter aquele cabelo duro? Se decepcionou com algum produto? Ôxente, menina, tô usando aquele produto da propaganda é bom e é baratinho. Meu irmão: -kkkkkkkk!!! Vai ficar fêooona! Meu cunhado: -Pow véi você vai parecer aquelas negonas do CURUZÚ (rua de SALVADOR onde a maioria da população é negra) Meu pai: -Usei esse cabelo na década de 80 era show, as mina pira. Minha cunhada: Hihihi!!! Meus tios: -Rapaiz o negocio é você comprar uns garfo de aço e disco de vinil pra abaixar o FUZÃO.
Não soube me posicionar e acabei discutindo com todos. Meu marido, coitado na situação, me acompanhou até em casa sem dizer uma palavra. Minha filha de 4 anos me disse assim: Fica assim não mãinha eu te aceito de cabelo crespo, viu? Aquilo latejou em minha cabeça a noite toda. Então resolvi cortar toda parte alisada. Hoje SOU OUTRA MULHER. ACEITO MINHA ETNIA E TUDO QUE TRAGO COM ELA, NUNCA ESTIVE TÃO FELIZ COM MEU CABELO EM TODA MINHA VIDA. HOJE EU SEI QUE SOU NEGRA, SIM, E COM O ORGULHO TÃO GRANDE QUE NEM CABE NO MEU PEITO.
Obrigada, LAURA, A MAMÃE AMA VOCÊ!
Quando fiz 25 fui mãe pela segunda vez de uma menininha linda, LAURA. Minha primeira filha se chama LAVÍNIA. Laura nasceu com o cabelo liso, porém quando completou três meses, o cabelo dela caiu e deu passagem para o verdadeiro cabelo dela nascer: CRESPO.
O cabelo nasceu forte e saudável, mas os comentários também cresciam em torno de minha bonequinha, muitos faziam piadinhas e apelidos maldosos tipo: "SARARÁ DO CABELO DURO", "ESSA QUANDO CRESCER VAI TER QUE PESAR A MÃO NO FORMOL", "USA UM CHAPÉUZINHO, MÃE, PRA ESCONDER O FUZÃO" ou muitas vezes tentavam elogiar tipo: "Tá na moda, né, usar o cabelo assim duro?"
Isso me feria profundamente. Decidi passar por cima do preconceito e encarar a situação junto com ela, ser exemplo pra que ela também venha aceitar seu próprio cabelo. Minha transição durou apenas 5 meses, mas foram longos 5 meses. Porque eu não aceitava meu cabelo alisado que vivia sempre de rabo de cavalo ou coque, o que era uma prisão pra mim. Comecei a pesquisar vários blogs, vídeos, sites e criei uma página na youtube contando um pouquinho da minha experiência com a transição.
Com o passar dos meses a raiz já estava bem grandinha e a ficha foi caindo. Pude perceber que eu não era branca como achava que era. NEGRA que, apesar da pele parda, minha etnia e meu sangue eram de negros. Oh Deus, foi a maior descoberta de minha vida porque, a partir daí, passei a saber quem eu era. E minha vida passou como um filme em minha cabeça. Então era por isso que eu tinha toda aquela aquela adoração por cultura afro, por isso que quando saia com as amigas e me batia na rua com uma negra de black nervoso, eu a admirava tanto eu queria ser como ela, mas não me aceitava.
Nesse caminho da transição sofri muito preconceito, PRINCIPALMENTE DA FAMÍLIA. Em um domingo de sol na casa de minha mãe, todos reunidos em volta da mesa pra um almoço, lá estavam meu pai, mainha, meus irmãos, cunhado e cunhada, tios, meu marido e minhas filhas. Conversa vai e vem, veio o assunto do meu cabelo. Sabia que não iria terminar bem. Minha mãe olhou pra mim e balançou a cabeça me dando um sinal pra me controlar, porque sou muito estressada. E começaram as torturas... A primeira partiu de minha irmã: Maninha porque voltar a ter aquele cabelo duro? Se decepcionou com algum produto? Ôxente, menina, tô usando aquele produto da propaganda é bom e é baratinho. Meu irmão: -kkkkkkkk!!! Vai ficar fêooona! Meu cunhado: -Pow véi você vai parecer aquelas negonas do CURUZÚ (rua de SALVADOR onde a maioria da população é negra) Meu pai: -Usei esse cabelo na década de 80 era show, as mina pira. Minha cunhada: Hihihi!!! Meus tios: -Rapaiz o negocio é você comprar uns garfo de aço e disco de vinil pra abaixar o FUZÃO.
Não soube me posicionar e acabei discutindo com todos. Meu marido, coitado na situação, me acompanhou até em casa sem dizer uma palavra. Minha filha de 4 anos me disse assim: Fica assim não mãinha eu te aceito de cabelo crespo, viu? Aquilo latejou em minha cabeça a noite toda. Então resolvi cortar toda parte alisada. Hoje SOU OUTRA MULHER. ACEITO MINHA ETNIA E TUDO QUE TRAGO COM ELA, NUNCA ESTIVE TÃO FELIZ COM MEU CABELO EM TODA MINHA VIDA. HOJE EU SEI QUE SOU NEGRA, SIM, E COM O ORGULHO TÃO GRANDE QUE NEM CABE NO MEU PEITO.
Obrigada, LAURA, A MAMÃE AMA VOCÊ!
#voceleu A Raiz da História
Bem, assim como tem em alguns blogs, aqui você vai pode conta a história do seu
cabelo. Contar todo o processo, seus medos, os resultados, o que ajudou . . .
Quer participar também?! Manda a história com fotos
pro e-mail:trancanago@gmail.com No assunto: A Raiz da História.
cabelo. Contar todo o processo, seus medos, os resultados, o que ajudou . . .
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