20 setembro 2011

A Raiz da História #9 - Educação Também Faz A Diferença

EDUCAÇAO TAMBÉM FAZ A DIFERENÇA NA RAIZ DA HISTÓRIA!
Por:Viviane Rodrigues

Meu negro drama com final feliz inicia quando pequena com trancinhas, realizadas para facilitar minha trabalhadora mãe, e que frustrava meu tão sonhado e longo canicalon, pois ela achava horrível e não permitia, aos 7 anos veio o henê e seu amigo “ferro quente”, minha testa e orelhas sabem bem o preço pago, junto com a modernidade vem as pastas que começava a arder antes de terminar o meio da cabeça e em conseqüência, queimaduras enormes no couro cabeludo com direito a casquinhas, sem falar em outros milhões de achados da indústria de cosméticos que prometiam livrar-me do que era meu e sempre intitulei de ruim!

Nos últimos tempos fui mais radical, não agüentava mais os cachos encharcados de creme e resolvi usar a “Escova Francesa” queria liso, liso, liso... mais olhava no espelho ainda não era como aquele desejado! Após mais de 5 anos lisinha e insatisfeita, o conhecimento trouxe minha libertação, foi uma verdadeira descolonização de meus conceitos que me fizeram rever o mundo e me repensar.

Depois que meu filho de 4 anos proclamou que não queria ser mais preto, (vide meu blog: vivianeafro.blogspot.com/) senti que precisaria realizar mudanças em minha vida, e como na Lei de Atração muitas pessoas vieram a meu encontro, a começar pelo trabalho da Ong.Estimativa e, depois seguido de palestras, filmes e cursos que me deram acesso a uma história oculta que é a do Negro no Brasil, sendo este o meu “sacode cerebral”!

Comecei a questionar tudo que me foi omitido nos bancos escolares e principalmente na universidade, pois fiz Licenciatura em História e minha história permaneceu sendo ocultada!

Tantas violências a que fui submetida, sejam simbólicas ou explícitas, ganhavam naquele momento um sentido e uma inconformidade, principalmente com relação aos meus cabelos.

A ideologia do branqueamento não acabou com o negro neste século presente, mais está incutida em nossas cabeças, queremos e desejamos branquear a qualquer custo e com isso desvalorizamos nossa origem e história que nem podemos conhecer!

De início foi muito difícil olhar o que sempre neguei e hostilizei como belo, confesso que chorei diante do espelho, pois embora minha mudança tenha sido de dentro para fora, meus olhos ainda não estavam preparados...

Busquei referências pela internet e confesso não ter encontrado muitas, meu apoio maior e decisivo foi pelos laços da educação, a partir de um curso que fiz pelo LAESER de Indicadores Sociais no qual tive contato com mulheres negras lindas, inteligentes, felizes e Black, combinação pouco vista até então! Foram professoras e colegas muito especiais que foram modelos de identidade que deram a força necessária para a promoção desse encontro comigo mesma.

Iniciei com tranças, sofri, pois não me adaptei, sentia um peso danado, me incomodava etc. Bravamente resisti alguns meses, pois desejava cortar os fios com química e precisava deixar o que era meu crescer, e só as tirei dentro do salão que iria cortá-los!!! Posso dizer que embora decisão, foi um momento de drama interno, mais o parto se deu! Cortei e para não ficar muito curto, ainda ficaram fios com químicas que com o passar dos dias os lisinhos é que incomodavam e não mais combinavam com o novo look, e sem pena fui a tesoura novamente e agora começo um reencontro com o que é meu! Contudo cá estou, com minha auto estima elevada, com o apoio de meu marido e de alguns amigos que compreendem e respeitam meu movimento!



Depois de mim foi a vez de meu filho, pois resolvi libertar seus cabelos da máquina zero alta e com a onda dos moicanos, digo que o seu é do tipo black, e ele está curtindo bastante pentear seus enroladinhos! Denzel agora com 5 anos e já bombardeado com a mentalidade do branqueamento social que vivemos ainda me olha questionando quando meus cabelos voltarão a ser como antes... digo que estou muito satisfeita e me sentido muito bonita, e que não pretendo mudar! Ele olha desconfiado e logo me abraça dizendo que também me ama de black!

Nunca fui do Movimento Negro, mais me sinto uma Negra em Movimento, e agora com um compromisso ainda maior como professora que sou, tenho como proposta levar outros olhares e novas propostas para todos que passarem por mim!

A luta ainda continua, pois lamentavelmente agora tenho que sensibilizar quem ensinou a me negar, mamãe que não se conforma e ainda tem me negado!!!! A descolonização terá que ser mais profunda!

E esta é a raiz da história de meus cabelos!!

#voceleu A Raiz da História
Bem, assim como tem em alguns blogs, aqui você vai pode conta a história do seu
cabelo. Contar todo o processo, seus medos, os resultados, o que ajudou . . .
Quer participar também?! Manda a história com fotos
pro e-mail:trancanago@gmail.com No assunto: A Raiz da História.