08 fevereiro 2011

Na minha família não tem Sapo. . . parte2 de3

Por: Agnes Maria

Certa vez minha professora, passou uma folha com desenhos de uma família, para que coloríssemos de acordo com a nossa. A família do desenho era claramente branca e não era pela folha, mas os traços físicos o cabelo, eu cheia de trancinhas na escola. Como ela pediu para colorir não tive duvidas, peguei o lápis preto e colori a face de todos, em seguida minha mãe foi chamada, para ser questionada sobre que valores étnicos que eu conheci em casa.

Sempre lutei para mostrar a todos ao meu redor que racismo e discriminação estão mais enraizados em nossa sociedade do que realmente podemos perceber, por exemplo, essa questão do cabelo ruim, fico pensando meu cabelo não é ruim ele é bom até de mais, já passei cada coisa nele pra ver se ficava liso, mas desisti. Acredito em questão de estilo me adaptei melhor com o cabelo crespo do que liso, não sou radical a ponto de ser contra aqueles que encontram um bom alisante.

Existe ainda um certo tabu ao classificar alguém como negro, o grande problema é o tom pejorativo dado a palavra ao se dirigir a uma pessoa dessa etnia. Há alguns anos atrás uma cartilha foi lançada com termos politicamente corretos dentre eles a palavra negro foi abolida e o termo correto para denominar alguém seria Afro – brasileiro, esse foi um grande absurdo que teve a coragem de ser publicado e propagado. O que deve ser colocado de forma sistemática para sociedade é a exclusão da palavra quando ela vier acompanhada de adjetivos negativos.

O dicionário Aurélio em sua antiga edição trazia a palavra negro com uma referencia a sujeira, um certo dia na casa de uma amiga negra, chamei a Irmã dela de negrinha, logo fui repreendida e alertada de que a caçula, não gostava que a denominassem assim, pois leu no dicionário o que significava a palavra negro, e disse que não se considerava uma pessoa suja, portanto não era negra.

Depois desse dia debati com mais ênfase as questões raciais não quero que meus filhos encontrem o mundo preconceituoso da forma que eu encontrei. Hoje vejo mudanças e tenho certezas que elas são respaldadas por muitas lutas, e sei que cada vez que meu pai levantou a voz para falar sobre o movimento negro, foi pensando que sua filha não deveria encontrar um mundo preconceituoso, e mais ainda tenho certeza de que quando meu avô, nos anos 60, levantou uma arma para a mulher que humilhou seus filhos por serem negros também pensou que não queria pessoas daquele tipo em torno de seus netos e bisnetos. Martin Luther King disse em seu discurso mais famoso: “Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados pelo caráter, e não pela cor da pele."