23 fevereiro 2010

Origem da Trança Nagô

A Trança *Nagô* é bastante antiga na África. Esta escultura de argila com trancinhas , por exemplo, é da civilização Nok, da Nigéria e data, de aproximadamente, 500 aC. Nok era uma civilização existente no norte da Nigéria que, no século V a.C. dominava a metalurgia.

O seu extenso legado constitui aquilo que se chama a Cultura Nok. Por razões desconhecidas, esta cultura desvaneceu-se por volta do século II ou III da nossa era.

Cultura Nok é da Idade da pedra e o estilo artístico é uma prova importante das tradições culturais pré-coloniais da África Ocidental e também dos antecedentes de uma habilidade posterior: as cabeças humanas de latão e terracota realizadas em Ifé e Benin muitos séculos depois.

Na Idade do Ferro usavam cobre, estanho, bronze e ferro para produzirem seus artefatos com mais resistência. Na Civilização Nok não foi diferente. Fabricavam lanças, machados, artefatos de metais, vasos, esculturas, estátuas e outros de barro e cerâmica. Demonstravam toda a arte africana em seus adereço.





Penteados com tranças na África também abrangem um amplo terreno social: religião, parentesco, estado, idade, etnia e outros atributos de identidade podem ser expressados em penteado. Tão importante quanto o desenho, é o ato da trança, que transmite os valores culturais entre as gerações, exprime os laços entre amigos, e estabelece o papel do médico profissional. Rebecca Busselle, observa: "Como os ocidentais, é difícil para nós, para apreciar o poder comunicativo que é atribuído para o cabelo das mulheres."

Há uma grande variedade de estilos tradicional de tranças africanas, que vão desde as curvas complexas e espirais para a composição estritamente linear este estilo Dan 1939 da Costa do Marfim.

Pode parecer estranho olhar um modelo de trança e comparar como a geometria, mas este estilo de trancinhas é bastante tradicional na África. A matemática faz parte do penteado Africano e, como muitos outros africanos no Novo Mundo (escravidão), o conhecimento ele sobreviveu.

Rei e chefes muitas vezes tinham seus cabelos raspado na captura, ostensivamente por razões sanitárias, mas com o impacto psicológico do ser despojado da própria cultura.

"Restabelecer penteados tradicionais no novo mundo foi, portanto, um ato de resistência, que não poderia ser realizado secretamente."

Termos étnicos como nagôs, angolas, jejes e fulas representavam identidades criadas pelo tráfico de escravo, onde cada termo continha um leque de tribos escravizadas de cada região. Nagô era o nome dado a todos os negros da Costa dos Escravos que falavam o ioruba.

Os franceses colonizadores do Daomé chamavam os iorubanos de nagôs, que chegaram, em maior quantidade, na cidade de Salvador e tiveram muita influência na formação social e religiosa dos mestiços baianos.

O candomblé, os babalaôs, os babas, as filhas de santo, os instrumentos musicais (tambores, agogôs, arguês, adjás), os cantos da tartaruga, a culinária (vatapá, acarajé, abará, etc), o santuário peji, Exu, Ogum, Oxumaré, Oxóssi, chegaram ao Brasil por intermédio dos nagôs.

O iorubá ou ioruba (Èdè Yorùbá, "idioma iorubá") é um idioma da família linguística nigero-congolesa e é falado ao sul do Saara, na África, dentro de um contínuo cultural-lingüístico, por 22 milhões a 30 milhões de falantes. No continente americano, o iorubá também é falado, sobretudo em ritos religiosos, como os ritos afro-brasileiros, onde é chamado de nagô, e os ritos afro-cubanos (e em menor escala em algumas partes dos Estados Unidos entre pessoas de origem cubana), onde é conhecido também por lucumí.





Na Grécia, e depois em toda a Europa durante a Idade Média, a trança foi adotada pela maioria das mulheres. No início do século XV, com a escravidão das sociedades africanas, o cabelo exerceu a importante função de condutor de mensagens. Nessas culturas, o cabelo era parte integrante de um complexo sistema de linguagem. A manipulação do cabelo era uma forma resistencia e de manter suas raízes.

As tranças serviram como pano de fundo de diversos movimento como, marcha dos direitos civis nos Estados Unidos, o aparecimento de movimentos negros como o Black Power e os Panteras Negras, que lutavam pelos direitos e enalteciam a cultura afro.

African United movimento que visa a volta dos negros as suas raízes. 

Na década de 70, em meio ao movimento hippie, a cultura negra ficou em evidência. Movimentos negros feitos a partir da reunião de seus afrodescentes mostraram a sua marca e cultura. Além do black power, as tranças e os dreadlocks, também se destacaram. O movimento hippie, com sua variedade, possibilitou a diversidade de culturas. E naquela época, os afrodescendentes ficaram em evidência.

Lembrando que os dreads não vieram da Jamaica, do movimento rastafári ou com Bob Marley, e sim da Índia. Mas foram os jamaicanos que propagaram o penteado. Durante a década de 30 surgiram os primeiros arranjos de tranças naquele país, inspirados em fotos de guerreiros massais e somalis da África Oriental. Isso somente entre os seguidores do rastafarianismo ou do movimento religioso rastafári, em que os rastas seguem vários preceitos, entre eles, alimentar-se apenas com produtos naturais (não comem carne vermelha, não bebem álcool, nem fumam tabaco). A palavra dreadlock usada pelos rastas vem da união das palavras lock (o penteado com tranças) e dread (a pessoa que usa a trança).


Leia mais sobre dreads clicando aqui.






















O Hip-Hop surgiu como um movimento cultural black predominante na década de 1980 e abraçou as tranças como mais um elemento de protesto e de comunicação. Surgiu mesmo no final da década de 1970, nos Estados Unidos, como forma de reação aos conflitos sociais e à violência sofrida pelas classes menos favorecidas da sociedade urbana.
No Brasil, o movimento Hip-Hop foi adotado, sobretudo, pelos jovens negros e pobres de cidades grandes, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e Curitiba como forma de discussão e protesto contra o preconceito racial, a miséria e a exclusão. Como movimento cultural, ele tem servido como ferramenta de integração social e mesmo de re-socialização de jovens das periferias no sentido de romper com essa realidade.

Hoje em dia, as tranças não são usadas só por afro descendentes ou pessoas ligadas com à cultura afro. Na última edição da São Paulo Fashion Week a trança foi destaque nos cabelos de top models e atrizes.


Os cabelos sempre se constituíram como excelente adorno do rosto, tidos historicamente para a mulher como símbolo de sedução e para o homem como demonstração de força. Afrodite cobria sua nudez com a loira cabeleira e Sansão derrotou os filisteus quando recuperou seus fios preciosos.

No Egito antigo os faraós tinham nas perucas formas de distinção social, enquanto que para os muçulmanos manter uma pequena mecha no alto da cabeça era o ponto para que Maomé os conduzisse ao paraíso. Desde os escalpos indígenas até os cabelos das mulheres acusadas de ligação com as tropas alemãs da 2a guerra mundial, a cabeleira dos vencidos foi sempre exibida como troféu.


A Grécia Antiga era requintada em ideais de beleza e de perfeição corporal. Os cabelos, em particular, tiveram o privilégio de um espaço próprio, os salões de cabeleireiro. Um mergulho na história à profundidade do Séc. II a.C, ao encontro das raízes mais profundas da Grécia antiga. Pela criatividade dos gregos surgiram os salões de cabeleireiro.

Curiosidades: *Nago (名護市 -shi) Também é uma cidade japonesa localizada na província de Okinawa.





Se tiver mais informações sobre o assunto e quiser compartilhar com a gente, comente ou mande um e-mail para trancanago@gmail.com. O conhecimento não deve parar!

Fontes:
http://civilizacoesafricanas.blogspot.com/2009/12/civilizacao-nok.html
http://www.robertscabeleireiro.com.br/historia.htm
http://www.igualdaderacial.unb.br/pdf/mulheres.pdf
http://www.palmares.gov.br/005/00502001.jsp?ttCD_CHAVE=281
http://www.vitrinecapital.com/beleza/cabelo/crespos-sim
http://pt.wikipedia.org/
http://angola-africa.forum-ativo.com/
http://www.institutoembelleze.com/professional/